As obras são o registro fotográfico de duas interferências na natureza, que fiz nas rochas à beira-mar intituladas “Livro branco na paisagem” e “O espaço entre as pedras”.
Existem também algumas gravuras, que chamei de “sentimentos do mar” que estão relacionadas com essas intervenções que realizei no meu atelier. Nos últimos quatro anos 2000/2004 fiz intervenções diretamente na natureza, sinto que a frente da natureza representada na pintura/objeto/gravação, é algo relacionado ao olhar, ao olhar enquanto nas interferências na natureza, o nome “paisagem ” o trabalho nele coincide com o nome.
O acampamento espacial não está em suporte fora da natureza como papel ou tela, o acampamento espacial é a própria paisagem. Portanto a primeira ideia para o trabalho, o trabalho nele existe a partir do vivo no local, o espaço é tratado e descoberto como se fosse visto pela primeira vez, ou como os homens primitivos o experimentaram.
É uma aproximação da ideia de performance porque é a ação sobre o lugar que importa e determina a obra e não o seu resultado material. Andar entre pedras, medir suas distâncias, o tempo da distância, perceber seus volumes, tocar o material, fazer uma carga completa de seu espaço interno, enrolar o papel para encaixá-lo entre pedras são exercícios espaciais.
Peço pedras como foram feitas, de que formas plásticas e visíveis, as marcas deixadas pela ação do vento e da água sobre elas, materializem os espaços vazios dos furos das camadas da matéria trans polida, para trazer a escuridão do buraco para a luz da matéria, para descobrir seus mistérios.
Na exposição, as fotografias da performance são dispostas em um painel, e sua posição pode ser modificada pelo observador, para que o observador possa se aproximar da ação artística. As fotografias foram feitas por Sandra Alves, fotógrafa minha amiga, e agradeço o trabalho. O conceito de direção de arte e ação da obra é meu.