“Ao emprestar seu corpo para o mundo é como o pintor transforma o mundo em pintura”, nas palavras de Merleau-Ponty.
Arte ilustra o enigma do mundo e é a ciência secreta que os artistas produzem quando, emprestando seu corpo ao mundo, comprometem-se numa busca por “coisas em si”. A visão torna-se gesto, o artista pensa como arte.
É desta forma que Phillipe Arruda se aproxima do mundo. Através da camara seus olhos se movem pelas ruas da cidade de Florianópolis e nos ensinam um novo código visual. Ele, portanto, capta o que localiza seus olhos com base nas projeções de seu corpo no mundo. O resultado desta captação é um modo de ver, pensar e sentir o mundo. O olho escolhe, toques, embrulha e inventa os meios para aproximar as coisas. Mais do que registrar sua visão, Phillipe Arruda interroga-o.
Os membros do Grupo Lestada (O Grupo Vento Leste), de que Philippe é uma parte, prolongam seu interrogatório, quando eles assumem a proposta, com base em suas fotografias, para expandir sua busca. Eles vão todos em busca.
A exposição que leva o nome Lestada e a desconstrução (O Vento Leste e Desconstrução), apresenta obras de arte com base em fotografias de Phillipe Arruda que traçam os caminhos da desconstrução. Essa desconstrução não se realiza como destruição, mas como ação poética que encoraja a pluralidade de visões, disseminando “outras” possibilidades de ver o mundo. A desconstrução é estruturada como uma crítica dos pressupostos estabelecidos para a cidade, revelando o que não vemos nele imediatamente.
A proposta do grupo para a desconstrução amplia a nossa noção de olhar e essencialmente constitui uma ética de ver. Há uma forte intenção de criar efeitos e aprofundar a nossa reflexão sobre a cidade.